Esse é um lugar muito especial. Uma casa muito engraçada, divertida e livre. Em que as paredes são feitas de letras, sonhos, alegrias e dores. Somos 4 mulheres inventando novas formas de expressão. E utilizando velhas também, por que não? Seja bem - vindo!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Eu caminhei perto dela o tempo todo. Quando seu marido ficou doente eu estava de longe, mas sempre por perto, espiando. Escondida.
Um dia, pouco antes de John falecer, ela bebeu algumas taças de vinho e me escreveu um email que dizia:
Aonde está você quando eu tenho um homem morrendo ao meu lado? Sinto-me mais próxima dessa tonelada de parentes que agora, e só agora, apareceu do que de você. Onde está você?
Eu chorei. Eu gritei comigo mesma. Eu me desesperei. Bebi três garrafas de vinho, eu mesma. A minha amiga precisava de mim e eu não estava lá. Eu estava lá mas ela não me via. Eu não sabia o que fazer nem como explicar. Ela não teria cabeça para entender. Liguei as três horas da manhã no seu telefone do trabalho:
"Eu te amo e me importo com você. Mas eu nã quero te sufocar. Eu estou e sempre estarei com você. Mas eu não tenho intenção de tomar seu tempo quando eu sei que esse milhão de pessoas apareceria. Você precisa de espaço. Essas pessoas estão ocupando a sua vida, a sua casa e o seu tempo. Eu estou aqui para quando você se livrar de todas elas. E elas se livrarem de você. Porque é isso que vai acontecer. Elas vão pegar as suas lágrimas, as suas dores, enrolar num cobertor bem quentinho e guardar no ego delas para lembrarem, contarem aos outros e se sentirem orgulhosas de como elas foram caridosas com alguém que precisava de uma mão em determinado momento da vida. Me perdoe por nao deixar claro que eu sempre estive aí com você. Mas eu estou. E você vai entender quando isso tudo acabar."
John faleceu alguns dias depois. Ela não me ligava desde então.
"John morreu. O enterro será hoje ás 5 da tarde. Por favor, apareça."
Eu fui. Cheguei antes de qualquer pessoa. Sentei-me. Ela chegou alguns minutos depois rodeada de pessoas da família - como eu havia dito. Mas quando ela me viu eu percebi que seus olhos, por um segundo, lacrimejaram lágrimas de felicidade e conforto. E eu me permiti ser egoísta e pensar:
Eu sou sim uma boa amiga.
Ela não me deu atenção um segundo sequer durante o enterro. Eu sabia porque.
Dois dias depois ela bateu à minha porta, desabou em meus braços e disse:
"Finalmente, obrigada".

2 comentários:

Marina R disse...

As vezes é assim mesmo...a gente nem ve quem ta do lado. Espero que vc saiba... que as milhas não atrapalham muito...graças ao skype.

Alyssa Jones disse...

sim, sim. eu sei!!!

;)

Obrigada. Muito obrigada.