Contorno
Uma borboleta clara na parede branca. Quase imperceptível. Ainda bem que você não foi assim. Você foi a borboleta clara na parede escura. Algo bom, puro, claro, na escuridão que estava a minha vida. Eu te percebi e permiti que você fosse fazendo diferença. O seu claro no preto da minha parede a tornou cinza no primeiro momento, e o cinza foi bem mais fácil de suportar. Depois o cinza se azulou. O melancólico azul, o poético azul chegou na minha vida para me fazer chorar, limpar, um batismo azul da vida com dor, mas sem peso, sem o peso do negro, do luto vivido diariamente. Se num dia choro muito, permitindo que a dor se vá, no outro a parede desperta mais clara. Nos dias que seguro o luto, a parede acorda mais escura. Já houve dias em que acordei branca, pronta para você fazer parte de mim. E o contorno que separava a parede e a borboleta era quase imperceptível.
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calafrios
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