Esse é um lugar muito especial. Uma casa muito engraçada, divertida e livre. Em que as paredes são feitas de letras, sonhos, alegrias e dores. Somos 4 mulheres inventando novas formas de expressão. E utilizando velhas também, por que não? Seja bem - vindo!

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Crônicas da Cidade 1

Ela acorda ouvindo Jazz: " In a Mellow Tone". Acorda feliz por respirar. A janela cheia de vasos de plantas. Os detalhes se tornaram importantes desde que melhorou das crises de pânico. Nessa época procurava sempre alguma coisa perdida, sem saber o que. Tudo estava ruím, tudo doía e tudo dava medo. E o Tudo virou uma entidade, uma pessoa, um símbolo, um irmão. E tudo era sempre ruím. Gastou os tubos com psiquiatra, psicólogo, remédios, florais, ioga. Tomou rivotril como bebum bebe cachaça: - Das boas!
Não suportando mais tudo isso, não suportando mais como o medo se entranhou no seu corpo, como o medo do medo apavorava sua vida, resolveu se entregar. Não leitor, ela não ia se matar. Não ela. Medrosa demais para isso. Para acabar com a própria vida é preciso coragem, "colhões". E não era o caso.
Saiu à noite, sozinha. Trânsito, mendigos, lascívia, escuro, violância... Tudo apavorava. Não lembra o momento exato, mas quando se deu conta a madrugada estava acabando, o sol já anunciava sua chegada, e ela estava viva, em um bar de Jazz, ouvindo "In a Mellow Tone". E até hoje, alguns moradores da Vila Madalena, ao passar às 6 e30 perto daquela janela, ouvem esse hino enquanto a chaleira não apita.

In a mellow tone
Feeling fancy free
And I'm not alone
I've got company
Everything's ok
The live long day
With this mellow song
I can't go wrong
In a mellow tone
That's the way to live
If you mope and groan
Something's gotta give
Just go your way
And laugh and play
There's joy unknown
In a mellow tone

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