E se a vida fosse uma festa?

A saia bordada, branca e delicada, entrou no baile à espera daquela dança. Vários olhares, alguns momentos, algumas danças. Um homem reconheceu, e só um artista poderia reconhecer a doçura daquela saia. A doçura tão preservada, há tanto acalentada. Dançaram. Ele bebeu, se serviu com fartura do mel. Torpor. Sentiu medo, como se fosse um menino. Sentiu-se enfeitiçado. Ele, homem feito, acostumado a bailar saias pelo salão, dançou com cuidado, com ternura, com o coração disparado. Em minutos viu-se menino, timidamente risonho, disfarçando o calor do corpo, disfarçando o que o calor provocava em seu corpo. A música acabou. Ele se despiu do menino e recuperou a cor pálida. Ela, senhora, se despiu do sonho, e voltou para a mesa onde o marido a aguardava aplaudindo a dança. Ele, senhor, cansou-se da vida sem feitiço. Ela, senhora, cansou-se da vida sem sonho. Eles, meninos, dançaram apaixonados até o fim da festa chamada vida.