Dia de churrasco
Lá estava ela com o avental, o iPod no ouvido e o paninho mão. Era dia de churrasco e ela tinha que dar um jeito naquela churrasqueira nojenta que há anos não era limpa.
O cabelo amarrado - daqueles jeitos meio engraçados que vocês enrolam, enrolam, enrolam e põe uma piranha embaixo mas ele ainda parece um rabo-de-cavalo. O cabelo dela está tão comprido... A franja que ela cortou - ela mesma - no dia do aniversário já nem era mais franja. Já tinha voltado a fazer parte do cabelo. Ela insistia em colocá-la (a franja) pra trás da orelha e se irritava profundamente toda vez que a danada da franja pulava dali. Coçava-lhe o nariz. E as mãos cheias de sabão....
Eu tava lá da janela observando seus movimentos. Ela me acordou cantando com a voz mais esganiçada e mais amável que eu já ouvi. Não acordo bem assim há anos.
"who you think about in bed?" - era a frase que eu mais gostava daquela música. Por vezes eu pensei nos meus pais na cama. Algumas vezes eu pensava nas freirinhas da igreja que a minha avó fazia eu frequentar acreditando que eu ajoelhava pra rezar. Eu ajoelhava sim. Mas pra outras coisas. E as freirinhas então!?
Ela virou de costas. Aquela calça que ela ama e eu odeio que mostra o rêgo dela tava lá: mostrando o rêgo dela. Mas ela tava usando a sandália que eu gosto. E eu tenho certeza de que ela saiu mais cedo pra fazer as unhas. Desde que eu me lembro chupando aqueles dedinhos na noite passada eles não estavam tão rosinhas. - hum. Hora de ir ao banheiro. Não dá pra ficar assistindo ela ali limpando a churrasqueira o tempo todo e não ter uma ereção. Banho frio JÁ!
Mas aí, quando eu menos espero... Quem entra no banheiro????
(3 beijinhos se acertar)
Ela.
E eu ali, mole, indefeso, molhado, ensaboado. Ela nem me vê. Chega bem perto do espelho. Molha uma bolinha de algodão com um troço que ela me fala o nome todo santo dia mas eu não consigo me lembrar. Tirou a maquiagem dos olhos. Tava tudo borrado por causa do suor. Eu adoro quando ela sua. Ela sua salgadinho. E sempre tem uma gotinha que escorre pro queixo. E ela odeia a gotinha que eu amo. "Ah... ela coça.."
E quando eu estou no ápice do meu momento embaixo do chuveiro, com a mão toda ensaboada, esfregando tudo com força, assistindo ela ser duplamente linda...
Ai, Jesus. Nada mais brochante do que intimidade. Ela tinha que tirar aquela meleca naquela hora.... Agora penso eu aqui sozinho: "Quantas vezes ela fez isso no dia. Hoje, especificamente, quando deveríamos comer churrasco?"
O churrasco foi ó-ti-mo - segundo o que disseram.
2 comentários:
putz ...é tão foda ser diva e ter intimidade. Tem dias que eu penso em ser mais comedida e deixar o vento bater nos cabelos, sabe? E fazer aquela cara...e colocar aquela camisola, mas vem o cansaço, e vc dorme c aquela camiseta velha, borrada...e se eel ainda te desejar de manhã...aí pode ter futuro, né? Meleca é normal, é bom tirar...relaxa. Que bom que ela tirou...que pena que ele brochou...brochar dói.Intimidade as vezes dói. Mas intimidade pode ser a melhor coisa do mundo. Enfim...
é.
ser ou não ser diva - desejo de toda mulher é SER diva.
ter ou não ter intimidade - medo de (quase, incluindo euzinha aqui) todo ser humano.
;)
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