Women & Wine
Ela ligou pra mim e disse:
"Nós teremos que levar a Suburban para o motel, se não as pessoas não vão poder trepar."
Eu disse "ok!"
Algumas horas depois eu bato à porta dele no pátio do colégio. Ele ainda mora na sala de aula. Ele abre a porta. Seu cabelo me incomoda. Muito. Dividido ao meio, repicado, grosso, as ondinhas escorrem o óleo do couro cabeludo dele que não vê água e shampoo há dias. Talvez meses. Sua cabeça, mais larga que o normal, as pequenas orelhinhas se movendo pra frente e pra trás enquanto ele mastiga.
Eu peço pra entrar e ele abre mais a porta. Disse que eu poderia dormir ali no carpete ao lado de sua cama.
De manhã, acordo molhada. Ele mijou na cama. Molhou a cama, o colchão, o carpete... O meu lado do carpete. Mas ele não estava mais lá. Procurei pela família, pessoas que sempre me querem bem e que eu respeito como se fosse minha própria família. Pessoas que me querem bem e fazem com que eu me sinta querida, amada e feliz perto deles. Sua irmã Regina me disse que ela não entendia o que eu estava fazendo ali naquele momento. - eu, naquele momento me perguntei o mesmo, porque oras!!! eu sempre fui bem-vinda na casa e de repente eu nao sou mais!?!??! Como funciona esse tipo de coisa??
Então eu o vejo vindo pela janela do seu quarto. Ele destranca a porta - a porta dá para o pátio da escola e é como se o quarto fosse a "entrada" da casa.
Eu pedi pra me levar ao banheiro. Entramos pelo corredor que leva ao resto da casa. Tudo parece muito inacabado. Concreto e azuleijos…. Tijolos formam as escadas.
E eu me senti deslocada, nada querida, nada amada.
Acho que é um bom sinal. Sinal de que eu já não faço mais parte de nada por ali. Ou que nada daquilo faz mais parte de mim.
Sensação de liberdade.
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