O passado ataca novamente
Eu vi ali em cima da mesa a senha. Três dias depois eu não conseguia mais ignorar que eu tinha a senha.
Entrei.
Ela tinha essas coisas de outras vidas escritas pra outros amores em momentos muito passados da vida dela. E eu fiquei com ciúmes. Fiquei com inveja dos outros. Eles tinham letras de música, poesias, eles ganharam "mixed tapes", ela até escreveu uma estrófe de uma música pra banda que eu nem sei se ela teve mesmo porque ela nunca me contou nada sobre. E ainda não decidi se o pior é ela guardando os emails deles com declarações de amor e ódio.
Eu penso até hoje sobre isso. Alguns anos se passaram. A senha ainda é a mesma. Infelizmente.
Toda vez que eu digo que eu fiquei sabendo das merdas que ela andou fazendo, foi por ela mesma. Minha mais segura aliada e confidente - que se vira contra si própria.
Penso hoje que talvez fosse bobagem querer as mesmas coisas. Ela viveu muitas coisas depois deles. Ela viveu muitas coisas comigo. Ela viveu muitas coisas com outros quando estava vivendo coisas comigo. Que puta. Que ódio. E ainda mentia na minha cara. Ela viajou. Ela voltou. Ela trabalhou, pagou contas. Ficou desempregada, comeu miojo por semanas e tomou banho na minha casa naquela época - eu ainda juro que ela só ia trepar comigo pra tomar banho mesmo. Ou ela é viciada em sexo. - Ou em banho? o.O
Penso que talvez a banda que eu queria que ela tivesse com aquela letra que ela escreveu pra ele nunca foi "meant to be" e eu não deveria ter aquela letra. Assim como ela não deveria ter a banda. Aquelas merdas que a gente acredita - Talvez se ela tivesse tido a banda ela estaria com ele - tipo de coisa.
Ainda hoje eu também penso nos amores que eu não tive e talvez seja por isso que todos esses pensamentos venham a minha mente: Inveja. Inveja de um passado que eu queria ter tido pra mim. E poder provocar nos outros esse "ciúmes do passado" - quem nunca teve vontade de ter ou de não ter?!?!
Mas acima de tudo eu queria poder ter tido a experiência do esquecimento. Nunca tive que jogar fora número de telefone ou ignorar ligação porque quando acordamos no dia seguinte porque ela era feia como o Cão. Ou esquecer daquela primeira guria que deixou eu puxar os cabelos e bater foto dela pelada no motel com cujas fotos eu me masturbei por meses. Nem nunca tive que correr de mulher que eu pus a foto pelada na internet pra galera ver... Eu nunca tinha feito nada disso antes. E quando fiz, fiz com ela. Logo com ela. Puta que me pariu 30 vezes!!! LOGO ELA, CARALHO?!?! Que eu não quis esquecer o telefone, que não me assustou quando acordamos porque ela é só linda mesmo até com olho inchado e bafo de onça, que eu não quis postar as fotos na internet apesar de tantas e tantas que tiramos.
E ela me parece que está indo. Partindo. Deixando-me.
Essa falta de experiência gera falta de fé; o que gera medo. Medo de que eu nunca vou ser o mesmo. De que eu nunca vou conseguir uma menina pra mim que não me lembre o jeito que a Z. mexia o cabelo, ou o jeito que os sapatos dela tinham a sola torta porque ela pisa torto. Ou será que essas serão coisas que me afastarão do que poderia ser um potencial relacionamento bem-sucedido?
Ai. E eu nem casar com ela quero. É só o conforto, sabe, de quando eu tiver outra crise de pânico eu sei que ela vai segurar a minha mão e não vai dizer que eu sou uma bichinha retardada. Porque ela também tem ataques de pânico. Só que na vez dela, eu admito que ela é mais forte do que eu. E eu vou ao cinema. Porque eu sou homem e ponto. Mas tem aquele negócio inexplicável que você não sabe porque não consegue simplesmente deixar que outra pessoa que queira e se disponha alimente essas coisas em você. A gente escolhe. Não sei porque. Não sei de onde isso vem. Alguém??? Alguma luz?!?! Você consegue explicar?!?! Ah.. essas pessoas da psicologia vão vir me dizer que tem a ver com referência de imagem/cheiro/tato.. Isso pra mim ainda não é explicação. E mesmo que fosse vem pôr na prática. Se fosse solução, psicólogo seria normal e não casaria. Todos os meus eram casados ou divorciados. Deve ser por isso que eu ainda sou assim: perturbado.
Eu quero voltar pra casa. Pra minha casa aonde as fotos eram da Z. Aonde eu sabia exatamente que ela tinha chegado porque a corrente de vento que entra pela porta traz o perfume dela direto pro meu quarto. Quero voltar pra minha vida quando eu pagava um cinema e um motel. Ou quando eu tinha eventos da empresa e ela me levava às compras pra não fazer feio - ela sempre dizia que os sapatos denunciam tudo; mas se todos os seus ternos são horríveis, de pouco em pouco eles também revelam tudo.
Ontem joguei fora meu Dolce & Gabbana que ela usava quando a gente trepava aqui em casa antes de sair pro cinema - hum... confesso que cheirava muito melhor nela do que em mim mesmo.... Joguei fora a camisa risca-de-giz da Zara que ela usava pra dormir. Mas ainda guardo a cueca ridícula sem marca que ela comprou na Target que diz "True Love Forever".
Jesus, me chicoteia.
POR FAVOR.
nota: esse post foi um vômito. Se algo não fez sentido pra você não ache eu posso explicar melhor. Faz ainda menos sentido pra mim.

2 comentários:
It's funny, Alyssa, when we put out things like this. Is your perception getting better, or is just your Portuguese that is getting a new skill? I liked it a lot. I hope you can undestand what you wrote.
Alyssa,
Adorei o seu "post vômito".. perfeito, e não aceite o "Plasil" q alguém venha lhe oferecer p/ parar com enjoos e o vômito, não aceite, pode até parecer egoísmo, mas gostei de saber q alguns sentimentos e reações se assemelham.
beijos
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