Esse é um lugar muito especial. Uma casa muito engraçada, divertida e livre. Em que as paredes são feitas de letras, sonhos, alegrias e dores. Somos 4 mulheres inventando novas formas de expressão. E utilizando velhas também, por que não? Seja bem - vindo!

domingo, dezembro 17, 2006

O Meu Menu

Há dois anos controlo uma dor bem chata com alimentação natural. Final de 2006: abusei a beça e estou com dor. O ano foi muito bom, mas no final voltei ao supermercado maldito e esqueci a abóbora no fogão. Restou-me um dilema científico: meu desejo contido, me pregou uma peça, abri as comportinhas e simplismente abusei até meu corpo gritar e doer de novo, (traduzindo: comi e bebi tudo que não estava no repertório habitual) ; ou simplismente dilacerei, esqueci o quanto doia a dor, e só lembrei agora por estar fudida.
Desculpa a boca suja, mas a boca limpa é meu dilema, é minha busca quase que terrena, terráquea. Coloco como principais empecillhos: a falta de tempo, trabalho, não saber dizer não, e principalmente: o escolher o DIFERENTE é considerado sempre uma frescura. Ah, tem o preço do arroz integral, que vou te falar, deve ser por causa da frescura, pois viver com saúde é tão caro, que aí já começa o absurdo.
Dizem por aí que o corpo se regenera em pró da saúde, assim sozinho, mas alguns interpéries estão envolvidos nessa colocação crua, tal qual comemos sal iodado, corantes, papel, isopor, carne com hormônio, papel de novo, água, ou senão H2O OH, pensando que não é refrigerante com aspartame cancerígeno..ou seja, que corpo que se regenra assim? Dizem que sou rígida, mas gozei a loucura de me abster disso por um período e me senti um verdadeiro alienígina, mas um alienígina concentrado. Cheguei a simples conclusão: o brócolis implica numa aproximação do grande eu com o eu instintivo: ficar sem beber leite é chorar pouco, consumir menos farinha é perceber que se precisa de menos líquido do que os médicos ditam nas revistas da moda, menos fermento e açucar para a língua dilatar menos e assim não perder paladar, ou seja, mais controle daquilo que se consome, mais gosto, mais prazer. Sem falar, das não TPMs, das unhas que não quebram, dos cremes que deixei de comprar para o cabelo por simplismente não precisar.
Em contrapartida, é ser anti social em jantares, não comer bolos em aniversários, não ganhar café na cama quando dorme na casa do namorado, não compartilhar a seias de na Natal com a família, ou seja, ter outras dores por ser do Clube da Bolinha Integral, mas a principal delas é a dor do mundo que come muita açucar depois da Revolução Industrial ( e come açucar para ter energia e não acompanhar só mais o acordado durante a luz do dia, porque tem que sustentar a família e comprar mais açucar).
Não como açucar, ou pelo meno tento, algumas frutas, nem sucos, nada em excesso, e nada em falta, nada industrializado e de preferência coisas vivas, frescas, coisas que estejam perto da cidade aonde eu moro. O clima é bem importante: comer um Acarejé no NE caí bem, em São Paulo é igual a dor de barriga, o corpo pede, agente não respeita, a cultura é sábia e a globalização bagunça tudo, e agente come os enlatados importados e acha chic.
É acredito que comer bem nos é fundamental para o desenvolvimento, mas tudo está tão enraigado em torno desse prazer tão maravilhoso, principalmente na dissolução de angústias e desejos, que se torna complexo desmistificar ou propor uma sociedade baseada numa cultura do alimento como algo sagrado, contrapondo a banalização e as consequências não medidas desses atos.
Falo como alguém que fechou o ano banalizando, mastigo no gerúndio, pois sou ser em movimento, digerindo, e sem doença não há saúde, e realmente não sei se está na essência do homem, ou na minha essência, a busca pelo equilíbrio orgânico, mental, psíquico, espiritual, sei que procuro tal mediação, pois sinto-me fora do eixo.
Sinto que as cozinhas das casas também estão fora de eixo.
Fecho com um alerta, ou com uma simples sobremesa, que não me foi oferecida antes dessa esplêndida entrada no mundo verde: uma vez dentro, é um caminho sem volta, um organismo em contato com o orgânico, sentindo o comer na sua essência, ao invés de comer para suprir angústias, jamais sentirá prazer em comer bisnaguinha com patê de presunto. Disse no começo do texto sobre descarrilhar, e sinto que descarrilhei pela falta de tempo, pela falta de opção (e por ser hum ana) ... Porque as vezes agente engole a comida, mas tem vezes que também é engolido pelo mundo, que não é mais verde., e jantar sozinho nem sempre é agradável.
Um brinde ao recomeço do meu chá verde de esperança..

Um comentário:

Marina R disse...

ana, sei exatemente do que vc está falando. Exageros me transformaram em diabética, e qualquer abuso me dói. outro dia resolvi fumar cigarrilha de café, que tanto amo, e passei o dia com enjoo e tossi. Um saco. além disso, um dia sem comer fibra me entope... e aí viva o mau humor, dor de cabeça e etc.
Tô louca p te ver.
bjão grande