Ciranda da Vida
Numa roda discreta prenúncios sobre o fim da linha
Conversas, discursos diversos..
Uma falava sobre a vizinha, que assim nada dizia
Outra sobre como arrumar uma nobre companhia
Outra: calor de fim do dia..
Mas aquele que do último respiro no peito ressentia
Dos temas falados nos versos da roda sobressaia
E esse enredo da vida para ele não mais se repetia
Ia Ia Ia
Encutia em cada dito engedrado um suspiro final
E a todos preescrevia a data e hora a dar-lhes a morte
Ou o mal
E todos do círculo diversificado negavam o que viam
Não se deve olhar a morte de frente.
E Ele insistia,
E ali mesmo despedia-se
Pois não havia
mais crivos que assegurassem para que assim não fizesse.
A morte o fazia gozar por desespero
Colocar-se no centro
e talvez se possível,
realizar desejos.
Realizar o desejo desse ente pulsátil
É para o restante da roda aceitar os prenúncios do fim.
Realizar desejos
é dizer a morte um perigoso sim.
A hora da morte castiga a todos por ela condenada
através do desespero das almas pelo fúnebre quase habitada
e não fazem ciranda alguma
não comunicam-se
com corpos que ela vem devagar
construir sua morada.

Um comentário:
Sinto tanta saudade de vc... de comer as 4 da madrugada, morrendo de sono...de ver livros,e trancar os meninos, sem eles notarem...
Mil beijos.Tenho amado os textos!
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